Roteiro para construir no Nordeste
- Planej
- 21 de ago. de 2022
- 3 min de leitura
Construir é um processo complexo. Isto porque, ao projetar uma residência, deve ser levado em consideração, não apenas as necessidades do uso daquela edificação, mas, também, todo o seu entorno.
Pensando nisso, o arquiteto e pesquisador Armando de Holanda escreveu o livro “Roteiro para construir no Nordeste”. O qual serviu de base para o estudo apresentado a seguir.
Ao construir na região Nordeste, deve se atentar a determinados fatores que, em uma construção engessada e padronizada já recorrente no Brasil, podem prejudicar o uso e a vida útil daquela edificação. O primeiro ponto é: Que parte do Nordeste?
O Nordeste é dividido em mais quatro sub-regiões: Zona da mata, meio norte, agreste e sertão. Assim, estas quatro apresentam diferenças, tanto com relação ao clima, como à vegetação.
Na zona da mata, é predominante o clima tropical e o alto índice de chuva. Já no meio norte, o clima varia entre equatorial e semiárido, e a vegetação local é a caatinga. Em outra análise, o agreste nordestino apresenta uma presença tanto da floresta tropical, como da caatinga e um começo da vegetação sertaneja. Por fim, o sertão possui um clima tropical semiárido e seu período de chuva dura apenas 3 meses ao longo do ano, sendo a sub-região mais seca dentre as quatro existentes.
A seguir serão apresentados elementos fundamentais que devem marcar presença nas construções nordestinas:
1. Recuo nas Paredes
Por apresentar clima úmido em maior parte da região, mesmo com a chuva, a temperatura do ambiente tende a aumentar, deixando, no interior da residência, uma sensação de abafado.
O recuo serve para que o telhado proteja as paredes e o interior da casa, sem que seja necessário o fechamento de esquadrias. Deste modo, a circulação de ar dentro da residência permanece contínua.
2. Cobertura Ventilada
O uso da ventilação na coberta serve para que o ar circule melhor no ambiente, ao passo que o ar frio tende a ser mais denso que o ar quente.
Funciona basicamente como uma forma de saída do ar quente, o qual sobe e permanece no topo da edificação, enquanto o ar frio desce e circula no interior.
Junto a este ponto, é importante o uso de pés-direitos altos e paredes de meia altura.
3. Cobogós
O uso de elementos vazados no Nordeste já é uma tradição da região.
É comum observar, até mesmo em casas mais antigas, a presença de cobogós.
Além de funcionar como elemento decorativo, eles também exercem a função de circular o ar do ambiente e auxiliam na iluminação, pois uma das maiores características da região Nordeste é a forte incidência de raios solares, o que, mesmo trazendo uma forte onda de calor para as residência, pode ser uma vantagem lumínica, caso seja bem aproveitado.
4. Presença de Terraços e Varandas
O uso de espaços abertos também é um aliado, tanto na iluminação como na ventilação, além de ser uma vantagem ao unir o ambiente construído com a paisagem local. Entretanto, o que deve ser observado é a posição solar ao longo do dia.
Por exemplo, não é indicado dispor uma varanda voltada para o poente, sendo esta a direção que recebe menos ventilação e maior incidência solar ao longo do dia, deixando o ambiente mais quente. Ao contrário, é indicado manter estas e quaisquer outras aberturas na direção sudeste, esta sendo o “caminho” do vento.
5. Proteção para esquadrias
Para diminuir a incidência excessiva de raios solares, sejam inseridas proteções nas janelas e demais aberturas da residência.
Isto porque é importante que as esquadrias permaneçam abertas para que ocorra melhor circulação de ar.
6. Explorar vegetação local
Por fim, não é necessário depender somente de elementos construídos, visto que a natureza nos dá proteções naturais e eficientes. Assim, é importante que seja observada a vegetação local, pois esta pode gerar a proteção e conforto necessários para a residência. Ademais, o mais indicado são árvores altas e com grandes folhas, como palmeiras, pois geram sombras e ajudam a diminuir a sensação de calor no ambiente.
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