Como utilizar as cores como elemento decorativo no ambiente?

De todos os mais variados elementos que compõem um ambiente, as cores são um dos aspectos mais importantes, uma vez que devem estar em completa harmonia com os demais elementos, como o piso, a iluminação, o layout, a decoração, entre outros. Todas essas questões devem ser pensadas e estudadas de forma conjunta, visto que a cor escolhida pode ser capaz de criar diferentes perspectivas e formas em um mesmo ambiente, podendo criar movimentos, aumentar/diminuir a temperatura subjetiva do ambiente, despertar emoções e novas significações. Logo, surge o seguinte questionamento: como um ambiente projetado com estudo de cores pode transformar-se de modo a proporcionar conforto e uma ressignificação para as pessoas que o utilizam?

1. O simbolismo das cores

As cores causam sensações que podem nos remeter a valores simbólicos decorrentes de nossas experiências pessoais e do contexto cultural que vivemos e apresentam-se como um rico e interessante objeto de estudo para as mais diversas áreas do conhecimento. Abaixo estão alguns exemplos de sensações cromáticas:

• Branco

- Associação material: casamento, batismo, neve.

- Associação afetiva: inocência, paz, limpeza, pureza.

• Cinza

- Associação material: pó, neblina, dia chuvoso.

- Associação afetiva: tédio, tristeza, seriedade, sabedoria.

• Preto

- Associação material: noite, sombra.

- Associação afetiva: luto, dor, temor, melancolia.

• Azul

- Associação material: céu, frio, águas tranquilas.

- Associação afetiva: confiança, intelectualidade, espaço.

• Verde

- Associação material: primavera, natureza, bosque.

- Associação afetiva: tranquilidade, segurança, equilíbrio, bem-estar.

• Amarelo

- Associação material: luz, verão.

- Associação afetiva: conforto, iluminação, alerta, euforia.

De maneira geral, falar do simbolismo das cores requer olhar não apenas para a perspectiva social/cultural, mas também para o mundo das manifestações físicas. Além disso, o repertório que cada sociedade interfere na representação simbólica das cores pode variar. As cores podem associar muitas ideias, inclusive opostas ou em contextos completamente diferentes. Um exemplo é a cor vermelha, a qual, em diferentes contextos, possui diferentes significados, como amor e guerra. Portanto, o significado de cada cor é muito relativo e depende de um conjunto de fatores, sejam eles culturais ou pessoais. Você pode ver um pouco mais sobre simbolismo das cores e sua influência que elas têm sobre o ambiente clicando aqui.

2. Matiz, luminosidade e saturação

As cores apresentam características as quais são regidas por leis que determinam movimento, espaço, peso, formas e distâncias nos mais variados trabalhos. A natureza da cor é variável e através de seu estudo é possível pensar e criar ambientes dinâmicos e complexos, capazes de provocar múltiplas sensações. Assim, duas regras básicas determinam a utilização da cor: a harmonia e o equilíbrio. Harmonia e equilíbrio devem ser tratados como elementos inseparáveis, uma vez que é através da harmonia que se torna possível criar o equilíbrio cromático. A técnica de combinação de cores pode ser obtida com o uso de um instrumento: o círculo cromático.

Esse equilíbrio pode ser obtido através de combinações entre complementares ou pela presença de um elemento em comum na escala das cores, podendo ser através da manipulação do matiz, da luminosidade ou da saturação. Tom ou matiz trata de uma variação qualitativa da cor, estando diretamente ligada com os comprimentos de onda do espectro visível. Luminosidade refere-se à reflexão da luz branca que cada cor pode apresentar, sendo dependente da iluminação, também conhecida como brilho, de determinado local. Saturação ou intensidade refere-se à vivacidade ou palidez de uma cor, e está associado com a pureza da mesma. Portanto, é possível perceber a complexidade do estudo das cores as quais estão condicionadas a um conjunto de convenções e especificações que norteiam seu uso.

3. Como escolher as cores certas?

Como foi visto anteriormente neste post, as cores são capazes de trazer diferentes sensações e reações em nosso inconsciente. A escolha das cores sempre dependerá do resultado final que se almeja alcançar. A partir da utilização do círculo cromático como instrumento de orientação, é possível definir diferentes estratégias, combinando cores e criando um ambiente equilibrado e harmonioso. Para utilizar as cores de forma consciente e chegar a uma solução útil, deve-se levar em consideração as escalas harmônicas das cores, as quais têm objetivo orientar a escolha das cores apropriadas para o ambiente estudado, dependendo de fatores como dimensões, materiais e se há características arquitetônicas. Além disso, deve-se considerar, principalmente, as atividades que ali serão desenvolvidas bem como as características físicas do espaço.

Por fim, detalhar a atmosfera desejada. Isso pode ser aferido por meio de um briefing, fazendo uma série de perguntas que possam facilitar essa análise. Essas perguntas giram em torno de quais sensações são esperadas, quais os gostos de cada pessoa, os tons que mais agradam, entre outras tantas perguntas que facilitam a escolha de uma cor-base.

Escolher cores para um ambiente não deve ser algo intuitivo, mas sim deve ser fruto de um estudo detalhado do círculo cromático, do simbolismo das cores, assim como um estudo sobre o espaço (aspectos físicos, quais atividade serão desenvolvidas) e quem irá usufruir (suas preferências, o clima que desejam). Esse estudo torna-se indispensável, uma vez que a falta dele pode prejudicar o resultado final, transmitindo sensações não esperadas e contrárias aos propósitos das atividades realizadas no ambiente.

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